quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O Fracasso dos Cinco Exércitos


    Após o desfecho épico de O Retorno do Rei, houve rumores de uma adaptação de O Hobbit, mas era algo tão distante que ninguém acreditou que pudesse mesmo acontecer. Quase dez anos depois, eu vibrei assistindo ao primeiro trailer, mas o filme acabou não sendo bem o que eu esperava. Mesmo após uma sequência que me agradou menos, eu ainda acreditava que o último filme salvasse a trilogia, mas tudo acabou destruído em uma interminável Batalha dos Cinco Exércitos.

   Quem conhece os filmes que eu assisto, sabe que eu sou um espectador bem paciente, mas o último Hobbit conseguiu extrapolar todos os meus limites. Foi sem dúvida o pior filme que eu já vi na minha vida. Não como uma adaptação, nem como um sucessor de O Senhor dos Anéis, mas como um filme em si. Sequências de ação intermináveis, justapostas por diálogos fracos que não adicionavam nada a história, a não ser novas batalhas que pareciam mais uma exibição de malabaristas. Sinceramente, eu não teria reconhecido a direção de Peter Jackson se o crédito não estivesse estampado na tela, e o que era para ser uma prequela de um dos filmes mais marcantes do cinema se transformou em algo completamente irreconhecível.


    A trilogia original desafiou os parâmetros tradicionais de Hollywood, narrando uma história complexa em um mundo fantástico sob uma perspectiva séria, quase cinzenta, enquanto O Hobbit retrata um mundo colorido, onde magos ofuscam a tela com conjurações fluorescentes e elfos derrotam exércitos com piruetas. O Senhor dos Anéis e O Hobbit são livros com propostas diferentes, mas como uma sequência da produção anterior, era necessário que essa nova trilogia se conectasse com a adaptação original, não apenas através de referências e cenários familiares, mas com a mesma profundidade de roteiro e conceito estético. Apesar da impressionante qualidade técnica, o excesso de efeitos computadorizados resultou em algo artificial demais para não infantilizar o filme, exatamente como o próprio Peter Jackson afirmou evitar em A Sociedade do Anel

   No fim das contas, acho que Peter Jackson quis se superar outra vez, ousando com novas tecnologias – que sempre foram uma paixão sua, mas provavelmente exigiu tanta atenção que o mérito do roteiro conquistado na trilogia original acabou esquecido. Três filmes para adaptar um livro foi exagero, mas quem conhece o universo de Tolkien sabe que havia muita coisa para preencher todo esse espaço. O que aconteceu com os anéis do poder dos elfos, a natureza dos magos, Angmar e o declínio de Gondor. Inúmeras possibilidades de não apenas entrelaçar a franquia, mas explicar vários elementos importantes para um melhor entendimento da Guerra do Anel. A trilogia de O Hobbit acabou apenas esticando o livro em três partes sem adicionar alguma coisa que justificasse tudo isso.


   Coisa de fã saudoso? Talvez. Há quem tenha gostado do filme, mas de qualquer forma é pouco provável – para não dizer impossível – que uma nova adaptação dos livros de Tolkien seja feita. Não é por falta de vontade dos estúdios, mas o herdeiro responsável pelo legado de Tolkien, seu filho Christopher, detesta os filmes. Todos. Se o próprio Tolkien não tivesse vendido os direitos em vida, é provável que jamais víssemos qualquer um deles no cinema. E nesse caso nem o dinheiro de Hollywood poderia resolver o problema, pois Christopher Tolkien já deixou de falar com o próprio filho só por que ele elogiou a adaptação de O Senhor dos Anéis. Pessoalmente eu não me interesso em ver outra adaptação de Tolkien nos cinemas. Eu amei O Senhor dos Anéis, O Hobbit teve sua oportunidade e assim a narrativa da Guerra do Anel foi finalmente concluída. A verdadeira Terra-Média só existe nos livros e eles existem justamente para mergulharmos nesse universo. Enquanto isso, Hollywood terá que procurar outro anel do poder para se esconder, por que algo me diz que ele se perdeu de vez.


   No próximo post, iremos explorar melhor alguns detalhes da história de "A Batalha dos Cinco Exércitos" e explicar algumas curiosidades. Até a próxima!

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